– Desde as últimas Autárquicas, o que correu bem e o que correu menos bem na CM Monforte?
Na minha perspetiva, e com o propósito claro de que não se deve criticar só por criticar, nem ter o foco exclusivamente em negativizar o trabalho alheio, pois acredito que cada um faz aquilo que considera ser o melhor para a sua terra, o concelho de Monforte tentou a todo o custo, o desenvolvimento rápido, as ações efetivamente foram direcionadas para aquilo que se considerou ser prioritário. Os investimentos patrimoniais foram acautelados com preocupação. Não podemos também descartar o impasse que a pandemia declarou na prossecução da concretização do desenvolvimento das atividades quotidianas e propósitos para o futuro. Acredito que tudo foi feito com a perspetiva de desenvolver e de promover o bem do concelho e das pessoas.
No entanto, estas circunstâncias não nos podem afastar das linhas orientadoras de um plano bem definido para ações que são de fundamental importância para o futuro. Não podemos a qualquer custo aceitar desesperadamente os primeiros investidores que nos “batem à porta”. O facto de sermos do interior e termos dificuldades não nos pode fazer esquecer a riqueza das pessoas, do território e da nossa identidade. Teremos que ser seletivos, exigentes em que empresas acolhemos no nosso território. O futuro e as alterações climáticas, e principalmente as gerações futuras cobram-nos isso. Incentivar a fixação de empresas que não atentem contra o ambiente e qualidade de vida. O trabalho social tem que ser encarado com rigor e determinação nas diferentes gerações, com respostas integradoras, multidisciplinares e de fácil solução para melhorar as condições de vida de todos e de cada um. Falo também do trabalho com a comunidade de etnia cigana natural do concelho. Assim se melhorará o todo. A cultura e as especificidades devem constituir-se como uma mais valia e não como fator negativo. Todos temos direitos. Todos temos deveres. A primeira discriminação é tratar um determinado problema com a perspetiva que aquele problema está associado à cultura. O etnocentrismo é a tendência a observar o mundo desde a perspetiva particular do povo e cultura a que se pertence, é a visão preconceituosa e unilateralmente formada sobre outros povos, culturas, religiões e etnias. Este é um problema dos dois lados. Constroem-se muros ao invés de pontes. Somos todos seres humanos, com as especificidades de cada um. A cultura não é desculpa para ações que atentam contra os princípios fundamentais dos direitos humanos e contra os deveres que todos temos uns para com os outros. Segregar, separar e não dedicar particular observação a estes factos, constitui um perigo maior que no futuro, a demografia do concelho irá sentir. Este tem sido um trabalho eternamente adiado. Não é só um problema das políticas públicas do Estado Central. É uma responsabilidade de cada cidadão que vive no nosso concelho e acima de tudo das práticas interinstitucionais que devem ser participadas e até reguladas pelo município. A investigação social terá que ser chamada para participar nas soluções.
Requalificar de uma vez por todas as zonas do Rossio e Ribeira grande, que constitui o cartão de visita de Monforte, zona de passagem e com muito potencial para ser a porta de entrada para investimento, turismo e desenvolvimento social. Pretende-se que seja uma zona multidireccionada: turismo, coworking (dando resposta a nomadismo virtual) e zona de espaço cultural. Apoiar e incentivar os jovens empresários. Apoiar as empresas e as IPSS, bem como o associativismo jovem. Investir na saúde, educação, desporto, turismo e cultura. Cuidar das nossas crianças e dos nossos idosos. Tornar a Universidade Sénior numa plataforma ativa para o desenvolvimento local e formar a embaixada da juventude para que os jovens participem ativamente nas políticas do município e façam os contactos com as associações através da estrutura a que chamaremos a Federação Aliança.
– Quais são as linhas orientadoras do seu programa?
Um programa bastante exigente, com uma visão estratégica com foco no presente e no futuro, retirando partido do passado e do legado dos nossos antepassados. Foco no ambiente e na sustentabilidade dos recursos existentes. Preparação do território para os grandes desafios do futuro. Atração de jovens para o concelho. Atração de investimentos limpos, de promoção da saúde e do bem-estar, bem como das ofertas turísticas apelativas. Cooperação nacional e internacional, política de redução de assimetrias e promoção da educação e da participação cívica e transição para o digital combatendo a infoexclusão.
– Como encara o combate eleitoral que se avizinha, tendo em conta os candidatos dos outros partidos?
Com clareza nas propostas, com respeito pela diversidade ideológica e com o sentido de responsabilidade do desafio a que esta equipa se propõe. Devemos ser cada vez mais, a sair do nosso conforto quotidiano e colocar o nosso tempo, a nossa dedicação e os nossos recursos de aprendizagem ao longo da vida ao serviço do bem comum.
– O que mais falta faz ao Concelho?
Políticas que promovam a autonomia para a execução das ações que todos os habitantes e futuros habitantes considerarem prioritário. Igualdade de oportunidades. Equidade nas respostas. Política social ajustada às necessidades. Proteção da infância e da velhice. Incentivos aos jovens. Habitação, educação emprego e investimento sustentável. Agricultura aliada à tecnologia, à sustentabilidade e aos desafios futuros. Promover políticas de participação cívica ativas, pelo apoio ao associativismo intergeracional.
Apoiar e investir no setor da educação, no desporto e da saúde. Ocupar os jovens e os menos jovens. Ter espaços de lazer convidativos e acesso à habitação facilitada. Atribuir apoios e incentivos à autonomia empresarial dos jovens e apoiar as empresas na informação e acesso aos apoios financeiros estatais. Aderir ao dossier do investidor atraindo investimento internacional, sendo selecionado pelas linhas de orientação de desenvolvimento que queremos ver no concelho: saúde e bem-estar, turismo e lazer, atividade agrícola e pecuária, comércio, hotelaria e restauração aliados aos novos métodos e processos tecnológicos. Promover ações de carater descarbonizador e de promoção de um ambiente sustentável.
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